De acordo com a Folha de S. Paulo, 47% das pessoas de 15 a 29 anos deixaria o país
Recentemente, a Folha de S. Paulo fez uma matéria falando que “o Brasil nunca teve ou terá tantos jovens como agora. Mas o ápice dos cerca de 50 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos revela uma juventude decepcionada em níveis recordes, sem perspectiva de trabalho e insatisfeita com a condução do país”. Às vezes, essa parece ser uma realidade muito distante de Carangola e região, mas não, não é.
Roberta Mazer tem 28 anos, é formada em biologia pela UEMG Carangola e há um ano e meio partiu em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos. Foi preciso um convite do primo e uma pandemia assolar o Brasil para Roberta considerar que a melhor decisão seria apostar na política implantada em outro país. “Vim passar alguns dias em Nova Iorque com o meu primo e aí aconteceu a pandemia. Começou o lockdown, meus voos foram cancelados três vezes e não consegui retornar pro Brasil. Foi aí que entendi que estava tudo bem eu ficar por aqui porque o governo brasileiro estava minimizando o coronavírus e não estava dando acessibilidade às pessoas para a vacina. Isso foi algo muito pesado, que só me empurrou mais para decidir ficar por aqui”, relembra.
Para ela, a principal vantagem de morar nos EUA é a acessibilidade às oportunidades. Segundo a bióloga, não é preciso “se matar de trabalhar para viver ok ou sobreviver. É uma diferença gritante do Brasil nesse ponto”. Mas nem tudo são flores. De acordo com a Roberta, os brasileiros sempre vistos com olhos diferentes. “Principalmente em relação às mulheres brasileiras. Eles têm uma imagem bem deturpada nossa. Algumas situações que a gente passa são bem constrangedoras. Além disso, também acham que nós nunca seremos bons o suficiente.” Embora, por agora, ela está no lugar onde quer viver, não descarta a opção de voltar para o Brasil em um futuro distante. “Amo o Brasil. Sinto falta do nosso calor, da nossa cultura, empatia, autenticidade, do nosso clima e cantinho com cheiro de casa”, conta.
Já a jornalista Larissa Venâncio de 25 anos, depois de formada pela UFOP, decidiu ir de mala e cuia com a família para o Canadá há menos de um mês. Apesar de ter um bom emprego no Brasil, ela não se via podendo realizar seus desejos devido à política da empresa. “Mesmo com uma posição privilegiada, eu não via desenvolvimento no Brasil, ainda mais com a situação política atual, crise sanitária do COVID e crise econômica”, argumenta. Como acabou de pisar na América do Norte, ela ainda não enfrentou muitas dificuldades, por isso faz delas uma escada. “Até o momento, a maior dificuldade que encontrei foi a língua porque, mesmo com o inglês avançado, ainda existem gírias e formas de falar que não são habituais ao que aprendemos em um curso, por exemplo. Mas sempre quis sair do país para aprender inglês e francês, além de conhecer outras culturas.”
Assim como a Roberta, Larissa também ama o povo brasileiro e sabe que essa será uma grande saudade. “Eu voltaria a morar no Brasil, sim. Amo o Brasil e os brasileiros, somos um povo único e apaixonante sem dúvidas. Mas, para isso, eu teria que ter completado tudo que me propus a fazer (estudos, juntar um bom dinheiro e aprender inglês e francês), além de ter segurança de um emprego assegurado. Sem contar que também voltaria pela minha família, se um dia eu sentir necessidade de estar mais presente”, conclui Larissa.
A busca por uma vida melhor é algo que pulsa dentro de todo jovem, mas também o amor pelo seu país e pelas pessoas dele acabam trilhando o caminho de volta para o lugar que vai sempre ser o seu lar.