Entenda quais são os sinais, as recomendações médicas e o tratamento da doença
O Outubro Rosa é uma campanha internacional de conscientização para o controle do Câncer de Mama. O movimento criado no início da década de 90 pela “Fundação Susan G. Komen for the Cure” é celebrado anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença.
O Câncer de Mama é o mais incidente entre as mulheres no mundo. Em 2018, ocorreram 2,1 milhões de casos novos, o equivalente a 11,6% de todos os cânceres estimados. Esse valor corresponde a um risco estimado de 55,2/100 mil. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 66.280 novos casos de câncer de mama, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.
De acordo com informações do INCA, o Câncer de Mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos.
Autoexame
Os sintomas do Câncer de Mama podem ser observados em uma curta análise em casa pela mulher. O autoexame pode ajudar a identificar divergências ou fatores estranhos e até mesmo a existência de um tumor. De acordo com informações do INCA, “a orientação é que a mulher observe e palpe suas mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem necessidade de aprender uma técnica de autoexame ou de seguir uma periodicidade regular e fixa, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias suspeitas.”
Mesmo assim, existem instruções para facilitar realização do autoexame que são facilmente encontradas pela internet, com passo a passo para observar se há divergências e anomalias nos seios. Confira abaixo as instruções do Doutor Sérgio dos Passos Ramos:
Em frente ao espelho:
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- Posicione-se em frente ao espelho
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- Observe os dois seios, primeiramente com os braços caídos
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- Coloque as mãos na cintura fazendo força
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- Coloque-as atrás da cabeça e observe o tamanho, posição e forma do mamilo
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- Pressione levemente o mamilo e veja se há saída de secreção
Em pé (pode ser durante o banho)
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- Levante seu braço esquerdo e apoie-o sobre a cabeça
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- Com a mão direita esticada, examine a mama esquerda
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- Divida o seio em faixas e analise devagar cada uma dessas faixas. Use a polpa dos dedos e não as pontas ou unhas
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- Sinta a mama
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- Faça movimentos circulares, de cima para baixo;
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- Repita os movimentos na outra mama.
Deitada
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- Coloque uma toalha dobrada sob o ombro direito para examinar a mama direita
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- Sinta a mama com movimentos circulares, fazendo uma leve pressão
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- Apalpe a metade externa da mama (é mais consistente)
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- Depois apalpe as axilas
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- Inverta o procedimento para a mama esquerda
A descoberta
A especialista no tratamento avançado de feridas e laserterapia, Cristine Magalhães, 38, teve câncer de mama e hoje incentiva outras mulheres à conscientização sobre o tema e a importância da prevenção. Ela conta que sentiu uma anomalia ao apalpar o seio e percebeu que havia algo errado e que deveria procurar um médico.
“Eu descobri que estava com Câncer de Mama em um dia que eu senti latejar, e quando eu apalpei, eu senti um nódulo. Eu fiquei bastante assustada e logo corri para marcar uma consulta com meu ginecologista. Por eu ser nova, não ter casos na família, ter uma alimentação boa, acompanhada por nutricionista, fazer atividade física, ele imaginou que não seria nada. Nós fizemos uma punção, que demorava uns 15 dias para ficar pronta, eu estava acreditando que se fosse um tumor poderia ser benigno, mas quando chegou o resultado chegou sugestivo de carcinoma. Foi um choque, eu fiquei bem assustada, bem desesperada.”
A especialista, que estava prestes a se casar, se desesperou com o diagnóstico, mas relata que contou com o apoio da família. Ela foi encaminhada para um mastologista, onde fez vários exames. Com os resultados, o médico a informou que havia 90% de chance de ser um tumor maligno. Cristine passou por uma biópsia que realmente confirmou o tumor maligno. A partir daí, ela passou a ser acompanhada por um oncologista e realizar o tratamento. Mesmo com o tumor removido, deveria fazer quimioterapia e radioterapia para ter mais segurança, como um tratamento preventivo. “Eu fiquei um pouco resistente, mesmo sabendo da importância, mas a resistência era por questão de ter que passar por um tratamento tão agressivo, estar de casamento marcado, perder cabelo, que é uma coisa difícil para qualquer mulher.”
Mesmo assim, Cristine fez todo o tratamento, e conta que passou bem pelo mesmo, sentindo enjoo poucas vezes. Ela conta que optou por continuar trabalhando para ocupar a mente e não se afastar de nada. O apoio da família foi fundamental nesse momento. Quando Cristine cortou o cabelo para fazer uma prótese capilar, seus familiares também cortaram os seus em forma de apoio.
Ela finaliza endossando a importância de se fazer o autoexame e os exames preventivos. “O que eu posso orientar pras mulheres é que não deixem de fazer o autoexame. Ele não vai evitar, mas ele vai ajudar a descobrir de forma precoce e tudo descoberto no início, é muito mais fácil de ser tratado. Não deixar de fazer o preventivo, né. Não é todo ginecologista que durante os exames de preventivo anuais pedem mamografia e pras mulheres mais jovens ultrassom. Mas se ele não pede, peça a ele que te peça, porque é muito importante também.”
Recomendações, sinais e tratamento
O médico ginecologista Wanderley Teixeira conversou com a Educativa sobre os exames preventivos que devem ser feitos e sobre sua periodicidade, além de discorrer sobre os tratamentos e a importância da descoberta precoce.
“A partir de 40 anos [deve-se] fazer a primeira mamografia nas pacientes que não têm histórico familiar de Câncer de Mama. A paciente que tem um parente de primeiro grau com Câncer de Mama tem quatro vezes mais chances de ter do que uma paciente que não tem. Essa paciente inicia a mamografia aos 35 anos. Genética é muito importante. E também tem outros fatores como mulher que não amamentou, obesidade, não faz atividade física. [...] A mamografia pega o câncer que ainda não é palpável, e pode ser associada também para dar esse diagnóstico a ultrassonografia. Às vezes tem pacientes que têm mamas mais densas, você pode fazer a ultrassonografia para tentar esclarecer melhor.”
O médico ressalta que deve-se realizar os exames precoces, pois às vezes, o autoexame é mais tardio, quando se pode sentir algo diferente. “O diagnóstico precoce é importante através da radiologia, métodos radiológicos. [...] Os sinais vistos ou sentidos podem ser retração da pele ou do mamilo, abaulamento da pele da mama, descarga sanguinolenta geralmente unilateral no mamilo, e a mulher apalpar o nódulo, e também coceira unilateral no mamilo.”
Sobre o tratamento, o Dr. Wanderley responde que pode depender do estágio em que se encontra o Câncer. “No estágio mais inicial, pode ser um tratamento mais conservador, no estágio mais tardio, pode ser mais agressivo, tanto na parte cirúrgica quanto com radio e quimioterapia. Hoje a cirurgia já é bem mais conservadora, raramente se faz a mastectomia, apenas em casos muito avançados. A maioria dos casos hoje se faz a retirada da lesão com o que a gente chama de linfonodo sentinela. [...] Radioterapia sempre se faz, que como você faz um tratamento conservador, você deixa a mama, [então] tem que irradiar o resto da mama para não ter recidiva da doença. Quimioterapia e hormonioterapia são estudados em cada caso.”
O médico conta que quanto mais rápido o diagnóstico e o tratamento, mais chances da paciente ter uma sobrevida maior, com o tempo livre de doença. Mesmo sem o tumor, a paciente continua com o seu diagnóstico, de forma que deve-se sempre manter sempre o acompanhamento médico.