A campanha Junho Violeta teve início ontem (1º) para conscientizar a população sobre a violência contra os idosos. Em entrevista para a Rádio Educativa, a promotora de justiça Flávia Cunha explicou a importância deste mês para alertar a sociedade e como é feito o processo dentro do Ministério Público. “Mesmo que o idoso não tenha condição de manifestar seu pensamento, a sua vontade, o Ministério Público vai tutelar esse direito em substituição. O promotor de justiça age como substituto processual. Ele vai pleitear o direito de uma pessoa em nome da instituição”.

Apesar da violência física ser a mais chocante perante a sociedade, a promotora esclareceu que qualquer ação que desvalorize o idoso como pessoa é considerado uma agressão, isso inclui a questão financeira também. “Quando a gente vê a violência física contra o idoso, é o mais lamentável, o menos aceitável. Mas temos também a violência psicológica, que é todo tipo de humilhação, ameaça, constrangimento por palavras ou gestos. O abuso, a violação dos rendimentos do idoso, que ele usa pra arcar seus custos de vida, também é algo em pauta nesse mês da conscientização”.

“O que a gente percebe nos atendimentos da rede de proteção dos órgãos públicos é que o idoso, como normalmente tem algum provento de aposentadoria, pensão, etc, ele passa a existir em alguns seios familiares somente com a presença financeira. O interesse de tomar conta e usufruir do benefício do idoso. Isso expõe muito a pessoa porque ela trabalhou a vida toda para ter o seu rendimento de aposentadoria pra ser usado a seu favor, pra dar a ela o tanto quanto possível de dignidade, mas a gente não vê nesses casos essa dignidade porque o idoso acaba sendo explorado por familiares que usam o dinheiro pra arcar com as despesas dele e deixa o idoso sem atenção médica, de alimento, de vestimento da forma como merece”, continua Flávia. 

A promotora esclarece ainda que a omissão também é uma forma de violação. Situações de maus tratos e abandono também podem ser punidas. Bianca Laerte, da Secretaria de Assistência Social, explicou mais detalhadamente o que tem visto ocorrer dentro do seu ambiente de trabalho. “A gente está recebendo muitas denúncias de idosos que são sozinhos, que não têm familiares ou que têm outros irmãos idosos e não dão conta de suprir esse cuidado. Isso é chamado de autonegligência, que é quando o idoso não dá conta das necessidades básicas do dia e ele não aceita, tem a resistência de ir pra um lar”.

Para denunciar casos de violência contra idosos pode entrar em contato com o Ministério Público, que agora ocupa uma sede própria, entre a rua Quintino Bocaiúva e a Barão de São Francisco, próxima à Casa de Caridade de Carangola.