Carangolense faz parte de equipe que elaborou dois testes rápidos de COVID-19
31/03/2021 08:36 em Notícias

Em entrevista exclusiva para a Rádio Educativa, o nosso conterrâneo Renato Senra explica sobre sua participação nos projetos de pesquisa da UFV para o combate do coronavírus

 

 

O carangolense Renato Senra, 28, tem sido destacado nos portais da região. É que ele é membro da equipe da UFV (Universidade Federal de Viçosa) responsável por elaborar dois testes rápidos e de baixo custo para a detecção da COVID-19. A Rádio Educativa bateu um papo com ele, que explicou todos os detalhes desse estudo feito em conjunto com a Dra. Ramila Rodrigues (pós-doutoranda), Dr. Tiago Mendes (professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular e Líder da pesquisa), Higor Sette (doutorando) e Thaís Martins (pós-doutoranda).

 

Rádio Educativa - Como foi a sua entrada nesse projeto que desenvolveu testes rápidos para a detecção da COVID-19?

Renato Senra - Eu faço doutorado em Bioquímica Aplicada pela UFV e meu orientador, o Prof. Tiago Mendes do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, aprovou um projeto no ano passado pelo edital específico da UFV que tinha como objetivo financiar projetos de pesquisa para o combate da COVID-19. Nosso grupo já trabalhava com o desenvolvimento de testes rápidos para outras doenças, (principalmente veterinárias) e utilizou boa parte das técnicas já padronizadas no nosso laboratório, do meu doutorado e de outros estudantes para realizar esse projeto específico de detecção da COVID-19.

 

Rádio Educativa - Quais são as principais vantagens desses dois testes elaborados por vocês?

Renato Senra - Nós vemos como vantagens a especificidade, confiança do teste e o número de testagem, já que só no nosso laboratório prevemos a capacidade de testar até 300 amostras por dia. Podemos pontuar também o baixo custo comparado aos outros testes já comercializados e importados, podendo haver uma redução de 10 a 100 vezes no valor. Esse teste poderá ser utilizado em larga escala pra inquéritos epidemiológicos locais e saber quantas pessoas já tiveram ou não o vírus, quantas já desenvolveram ou não os anticorpos e assim determinar com mais segurança a abertura de escolas, serviços públicos e demais locais que estão fechados por conta da pandemia. Além disso, só do desenvolvimento ter sido feito aqui, com tecnologia própria, já é bem gratificante.

 

Rádio Educativa - Qual a diferença entre um teste e o outro?

Renato Senra - Os dois testes são baseados na interação do antígeno com os anticorpos produzidos pela pessoa infectada. A principal diferença se dá que, em um, o antígeno já é uma proteína utilizada em outros testes importados já existentes e é uma proteína natural do novo coronavírus, que chamamos de proteína N. E outro antígeno já é uma proteína criada em laboratório, ou seja, não existe na natureza, e que chamamos de quimera. Essa proteína é desenhada usando ferramentas de bioinformática e feita sinteticamente juntando partes de duas proteínas naturais do vírus. Isso dá uma especificidade e uma confiança a mais ao teste que geralmente pode dar falsos positivos com as outras doenças causadas por vírus parecidos.

 

Rádio Educativa - Esses testes detectam o vírus depois de quanto tempo que a pessoa está com os sintomas?

Renato Senra - Este teste sorológico pode ser utilizado a partir do sétimo dia de sintomas, acompanhando a quantidade de anticorpos produzidos. Nos testes comerciais, a detecção só se dá a partir do 14º dia.

 

Rádio Educativa - Há a intenção deles serem disponibilizados para o governo distribuir pelo país?

Renato Senra - A produção da proteína quimérica está em fase de transferência de tecnologia para uma empresa que cuidará do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ficará responsável pela produção do antígeno e pela comercialização dos testes rápidos. A patente será dividida entre a UFV e a empresa em regime de cotitularidade.

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