O Padre Adilson conversou com a rádio Educativa para contar como é a sua profissão e a esperança que leva aos enfermos
Se você começar a ler essa matéria com um sorriso no rosto, o Padre Adilson Martins Pereira vai ter completado a sua missão. Ou, pelo menos, ele vai se sentir à vontade para entrar, sentar e levar a fé até você. Capelão nos hospitais de Carangola há quatro anos, a função dele é atuar na Casa de Caridade (CCC) e Hospital Evangélico (HEC) levando palavras de amor para médicos, funcionários, enfermos e familiares. “É um trabalho de visitas, caridade, amor e dedicação. Fazer as visitas, orar, estar junto, de ser a pessoa que enxuga a lágrima e leva uma mensagem de esperança. É um trabalho desgastante, que exige força de vontade, humildade e paciência porque muitas pessoas não querem receber a oração. Todas as pessoas que sorriram me acolheram ou me deixaram rezar por elas”, relata.
O capelão se sente mais à vontade do lado das pessoas até pelo serviço não exigir seriedade. Ele brinca e se diverte ao lado de quem recebe sua oração. Para os evangélicos, não reza o Pai Nosso em respeito à religião do doente. Costuma usar uma oração mais improvisada, destinada ao que cada um precisa naquele momento. “Muitas vezes não aceitam a minha oração. No início, sofri muito com essa rejeição porque eu não tinha o costume de trabalhar no hospital”, relembra.
“Num mundo católico ou cristão é importante que exista um sacerdote que esteja trabalhando nesses locais, como cadeias, hospitais e asilos, onde exige mais a esperança, a alegria de viver e a vontade de vencer. Lembro-me de chegar na capela e ver um casal de joelhos chorando e uma criança quase morrendo no pronto-socorro. A pessoa pediu para eu batizar o filho dela naquele momento, então fui lá e batizei. Graças a Deus, a criança não morreu. Trabalho para que todos consigam encontrar conforto em Deus”, argumenta ele que deixa claro os obstáculos de vivenciar diariamente o cargo de capelão.
Nessa profissão, não há apenas os bons sentimentos. “Há o medo, o cansaço… Ver pessoas morrendo, tensas e cansadas não é bom pra ninguém. Muitas vezes não tive força para trabalhar por causa de outros fatores que nos afetam. Somo seres humanos, sujeitos a ter pensamentos negativos”, conta ele que afirma também haver um sentimento de gratidão e acolhimento.
Já houve também momentos de puro amor. Ele recorda de casos em que ateus e espíritas abriram os braços e o receberam com grande carinho. “Não sou capelão apenas para católicos. Sou para todos. Tento fazer com que as pessoas não vejam um mim um padre, uma religião e, sim, a presença de Deus”.
MEDIDAS PROTETIVAS
Durante a pandemia, foi decidido que era melhor ele não realizar o serviço de capelania no HEC para evitar o contágio de coronavírus, já que é lá que fica a maior parte das pessoas infectadas pela COVID-19. Evitar o contato físico e usar sempre máscara e álcool em gel são algumas regras que ele tem seguido à risca.