“Só teremos um impacto real quando tivermos 60%, 70% da população vacinada”, infectologista Nélio Artiles Freitas
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Publicado em 28/05/2021

Os casos têm se mantidos altos, as regras sanitárias são, praticamente, inexistentes e a vacinação está a passos de formiga

 

 

Ontem, 27, morreu um dos maiores sambistas da história. Nelson Sargento se despediu deste mundo em decorrência da COVID-19. Ele tinha 96 anos e já havia tomado as duas doses da vacina no final de janeiro. Não é preciso ir muito longe para ver que esse caso é mais comum do que gostaríamos. Em Espera Feliz, no início de abril deste ano, seis idosos do Lar São Sebastião vieram a óbito mesmo depois de estarem completamente vacinados (leia aqui). 

 

“Temos três tipos de vacinas sendo aplicadas no Brasil: Pfizer, Coronavac e AstraZeneca. Todas elas têm a sua eficácia, mas nenhuma chega a 100%. Aparentemente, são vacinas que diminuem a transmissão, então, de uma certa forma, dificultam o contágio. Tem um percentual elevado para evitar que as pessoas sejam hospitalizadas ou morram. Num contexto de milhões de habitantes, se você considerar que a vacina protege 90%, 95%, aí sobram 5%, 10% que são milhões de pessoas. No idoso é pior porque diminui a eficácia”, explica o infectologista Nélio Artiles Freitas.

 

Nélio é Especialista pela Sociedade Brasileira de Infectologia, Mestre pela UFRJ, Chefe do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Ferreira Machado e Professor da Faculdade de Medicina de Campos e UniRedentor. Em entrevista para a Rádio Educativa, ele explicou que só haverá um bom resultado quando a imunização acelerar no país. “Só teremos um impacto real quando tivermos 60%, 70% da população vacinada. Por enquanto, vamos fazer a nossa parte… Usar a máscara direitinho, distanciamento social dentro do possível e tomar muito cuidado, principalmente as pessoas que têm fatores de risco”, aconselha ele, que alerta que mesmo devidamente vacinados, os cidadãos “podem evoluir para um quadro mais grave”.

 

Nélio afirma que a vacina é o único meio que a população possui, atualmente, para se proteger do coronavírus. As medidas sanitárias também são de grande ajuda, já que a vacinação anda a passos de formiga no país. “Uma coisa que o Brasil não tem feito e pode ajudar é a imposição das regras sanitárias nos aeroportos. As pessoas chegam no país e são apenas questionadas se estão sentindo alguma coisa ou medem a temperatura, que é ineficaz em casos de assintomáticos”, argumenta. 

 

CASO DA CEPA INDIANA NO BRASIL

 

Existe um caso recente de um morador de Campo dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, que desembarcou no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, vindo da Índia. O homem de 32 anos fez um exame RT-PCR no próprio aeroporto e depois foi autorizado a embarcar para o Rio de Janeiro antes do resultado. Depois de ele ter estado em três cidades e ter tido contato com dezenas de pessoas, foi avisado que estava com a nova cepa do vírus.

 

“Novas variantes virão aí. É preciso mudar de um modo geral. Acho que o Brasil está focando em coisas que não deveria mais, como o tratamento precoce. É um absurdo! Perde dinheiro e perde tempo, pois se trata de um medicamento que já é comprovadamente ineficaz para o coronavírus. Esse termo ‘tratamento precoce’ é brasileiro, não tem em nenhum lugar do mundo. Ainda não existe medicamento para prevenção ou tratamento precoce pra COVID”, conclui Nélio.

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